A transparência para quem procura saúde

Do ponto de vista médico é fantástico desenvolver a prática clínica sem que haja limites de orçamento para alcançar o resultado ideal. A escolha é vasta, e quem trabalha em clínica privada terá mais facilidade em parametrizar a forma a que está disposto a trabalhar.

É neste ponto que chegamos a uma pergunta à qual tenho vindo a tentar dar respostas neste blog – Porque razão os preços dos serviços de saúde variam de umas clínicas para as outras?

Pessoalmente escolho trabalhar apenas com os melhores modelos, os melhores sistemas, os melhores equipamentos, os melhores materiais e os melhores recursos humanos. A minha experiência diz-me que trabalhar com qualidade inferior resulta sempre num trabalho insuficiente. Seja na durabilidade, estabilidade, naturalidade, precisão e conceito. Devemos sempre pensar numa quantidade de parâmetros para avaliar o nosso trabalho. Sejamos nós cirurgiões, engenheiros navais ou floristas. E os meus parâmetros são vastos, vão desde a minha formação, até ao conforto do sofá na sala de espera.

Nietzsche dizia: “O homem inventou o ideal para fugir ao real”.

A realidade pressupõe transparência e pressupõe também expectativa. Ninguém gosta de levar o carro ao mecânico para trocar pneus e no fim receber uma conta diferente e uma quantidade de extras na fatura que não foram pedidos. Não houve transparência e a expectativa não foi cumprida.

Ter uma fatura com tudo discriminado, no que toca a procedimentos médicos é bom. Já ter uma fatura com os procedimentos, com os materiais que o médico usa discriminados à parte. Aqui estamos a falar de implantes por exemplo, poderia ser vantajoso para dar um passo em frente na medicina. Seria muito proveitoso para o paciente perceber a qualidade e o valor monetário de cada item, o valor ético e humano do trabalho.

Eu consigo cruzar uma breve quantidade de variáveis de todos os meus casos clínicos e perceber quais os que têm maior sucesso, elegendo por exemplo os materiais que escolho.

Imaginemos explicar a um paciente o porquê das escolhas do médico

Em países como a Holanda e EUA, já é normal a fatura vir detalhada com as peças à parte da “mão de obra” do médico.

Imagine o médico conversar consigo e dizer que a consulta vai custar XX€ ao invés de YY€, porque vai repartir entre o valor da hora do médico e os tipos ou marcas  de materiais que vão ser aplicados.  O que passa a acontecer é um diálogo entre o paciente e o médico onde as expectativas e a realidade passam a ser transparentes. Assim como quando vou à frutaria, posso escolher uma maçã com base na sua origem (biológica ou não), também poderia escolher (para além do médico) a origem das peças e materiais que passam a fazer parte da minha saúde e bem-estar.

Quando o médico lhe disser: “O ideal é…” lembre-se das palavras de Nietzsche e faça perguntas.

Tenho refletido sobre este assunto nas últimas semanas. Quem me conhece sabe que não me importo de arriscar para melhorar a satisfação dos que me procuram. Afinal, transparência também é sinal de confiança, e confiança é o que todos procuram quando se trata da saúde.

A questão fica – e se passássemos a adotar este modelo?

 

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